domingo, 27 de janeiro de 2008

Ela é Problemática!


O título da música de pagode tosco cai como uma luva para descrever a personalidade Amy Winehouse. A cantora inglesa, uma das maiores revelações da música desta década coleciona prêmios e reconhecimento na mesma proporção com que se envolve em escândalos, prisões, capas de revistas, tablóides e o que mais você pensar de mídia.

Nascida em Londres em 1983, filha de um motorista de táxi e uma farmacêutica mas com um histórico familiar de ter músicos de jazz na árvore genealógica, Amy tentou estudar teatro mas foi expulsa da Sylvia Young Theatre School por ter colocado piercing no nariz. Começou a compor músicas e a trabalhar como jornalista cobrindo o showbiz.

Em 2000 consegue um contrato com a Island/Universal porém só lançaria o primeiro álbum "Frank" em 2003. Começa o reconhecimento pelo talento. Em 2006 lança o segundo trabalho, "Back to Black", uma referência as influências da black music, no Reino Unido chegando ao Número 1 na terra da Rainha. Os EUA também não ficam para trás e lá, ela chega ao Número 7, sendo a primeira artista solo britânica a conseguir esse feito.


É nesse período que a barra começa a pesar, surgindo os primeiros problemas com o consumo de drogas e distúrbios alimentares. A cantora que antes dava até para fazer um caldo, emagrece muito, muda drasticamente o visual, se tatua e em 2007 se casa com o também muito doido Blake Fielder-Civil.


A influência do marido acabaria se tornando um problema a mais e o ano de 2007 seria, literalmente, problemático, uma verdadeira asa de peru. Em agosto, a cantora cancela a tour européia. Fotos dela e do marido pipocam na mídia após uma briga de foiçe no escuro, no melhor estilo Sid & Nancy. Em Outubro, o casal é preso na Noruega por porte de maconha sendo solto após pagamento de fiança. Em Novembro, Fielder-Civil é novamente preso, desta vez por perverter o curso da justiça num caso de agressão em um pub.Amy terminou indo em cana para depois ser solta e inocentada nesse mesmo caso.


2008 parecia ter começado bem para a moça dona de uma talento musical fenomenal após a indicação ao Grammy, o Oscar da música. Porém, na semana passada imagens dela usando e misturando as mais diversas drogas e não falando coisa com coisa, foram divulgadas em todos os meios de comunicação. A cantora que em um dos seus hits "Rehab" se vangloriava de escapar da internação em um centro de reabilitação para dependentes químicos, terminou cedendo aos apelos da família e amigos e deu entrada numa clínica. Porém, o tratamento não durou o tempo necessário.


Muito se tem falado na imprensa, especialmente a britânica, sobre que fim terá a jovem cantante. Os últimos meses foram conturbadíssimos. Após a prisão do marido, o quadro piorou. A cantora não conseguiu terminar a tour no Reino Unido e os shows que fez foram marcados pelas constantes idas ao fundo do palco, segundo relatos para dar uma "cheiradinha" e a falta de condições para cantar e se comunicar.


A imprensa terminou apelidando-a de Whitenose, fazendo um trocadilho com o sobrenome e o uso de cocaína.


Só nos resta torçer para que a cantora se livre das más influências e consiga sair do vício e das páginas policiais.


quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Dá-lhe Mulleta


Hoje o Blog do JH sai de Windsor e vai dar um abraço virtual no Mulleta pela passagem de mais um aniversário, mais uma primavera e mais uma volta em torno do Sol. Sinta-se abraçado por mim e minha senhoura. Usei o aparelho inventado por Alexander G. Bell mas não obtive sucesso. De qualquer forma fica aqui o registro amigo.
Tenho certeza que a "turma que ninguém surra" estará reunida para bebemorar e celebrar esta data. Tudo de bom e saiba que mesmo longe pode contar comigo companheiro.


Forte Abraço e até breve.


Aproveito e mando um pint de Stella para tu admirar.
Happy Birthday Mulleta!


terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Acredite se Quiser!

Octávio Mangabeira, ex-governador da Bahia, costumava dizer: "Pense num absurdo, que na Bahia tem precedente". E os absurdos não ficaram só restritos à nossa querida Bahia. Aos poucos tomaram conta do Brasil e agora parecem que resolveram dar plantão aqui na Grã-Bretanha.

Esse blog irá aos poucos mostrar a vocês fatos que deixariam Jack Palance murmurando no túmulo: Acredite se quiser.

O primeiro da série foi divulgado semana passada no jornal Daily Mail.

A estória é a seguinte: Era uma vez um asilado político com um passaporte falso que trabalhou durante quase um ano num tribunal da Imigração.

Eugene Tawanda Madzima trabalhou no Asylum and Immigration Tribunal Service após ter sofrido as devidas checagens no seu histórico (aqui no Reino Unido não há concurso público como no Brasil. Para terem acesso ao serviço público é necessário passar por uma checagem no currículo e ter os requisitos legais para trabalhar).

Funcionários da Imigração foram enganados com uma carta falsa do Home Office (Ministério do Interior, ao qual a Imigração está subordinada) dizendo que Madzima, de 24 anos, tinha permissão para permanecer no Reino Unido.

Madzima era tão bem quisto no trabalho que até chegou a dar treinamento no centro da AITS em Leicester, fato que remete aquele filme com Martin Lawrence, "Um tira muito suspeito", onde o mesmo, um falso policial, chegou até a dar treinamento sobre como combater o crime.

Ele só foi pego quando tentou abrir uma conta no HSBC usando passaporte falso.

Madzima foi condenado a um ano de prisão, pela Leicester Crown Court, por portar documentos falsificados. O juíz Simon Hammond, ao ler a sentença, disse que a situação era difícil de acreditar.

O juiz ordenou que seja apurado como Madzima conseguiu o passaporte (ele alega que comprou o passaporte falso por 1000 libras na mão de um advogado de Londres que estava tratando do seu processo de asilo político) e porque o pedido de asilo nunca foi processado.

Os conservadores disseram que se trata de mais uma grande trapalhada do governo. "É realmente vergonhoso que em menos de três meses o governo tenha empregado imigrantes ilegais como seguranças, faxineiros e agora como parte do treinamento de funcionários no coração do sistema de imigração", disse David Davis, secretário de assuntos internos do partido conservador.

Ano passado veio à tona o fato de que 11.000 suspeitos de serem imigrantes ilegais conseguiram emprego dentro do governo, alguns até como segurança e trabalhando no Home Office.

Ah, quanto ao processo de Madzima para conseguir asilo, é quase certo que devia estar em uma das caixas contendo mais de 450 mil processos e que estavam esquecidas em algum canto da burocracia estatal e que somente agora começam a ser processados.







The Blue Monday


O tempo está horroroso, a conta do cartão de crédito com as compras de natal batendo na porta e você já quebrou todas as promessas que fez no Reveillon.


Ontem, segunda-feira, dia 21 de janeiro, é considerado o dia mais melancólico do ano, ao menos aqui no Reino Unido. O psicólogo Cliff Arnall, especialista em depressão, explica o fato dizendo que existem seis fatores que juntos acabam contribuindo para que as pessoas se sintam "down" nesse começo de ano.


São eles: o clima, nublado e chuvoso; as dívidas contraídas durante o natal; o sentimento de monotonia após as festas de fim de ano; as promessas de ano novo (parar de fumar, emagrecer, etc) que já foram pras cucuias; baixos níveis de motivação e, por fim, a inércia em agir para sair da melancolia.


Para piorar, muitos estão tendo dificuldades em voltar à rotina no trabalho após a pausa pro natal e alguns só terão férias em agosto. Segundo Arnold, ex-professor da Cardiff University, a melhor maneira de sair da melancolia é simplesmente parar de reclamar.


"Se você reclama diariamente do tempo ou de outras coisas, pare", diz Arnold. "Isso é chato e você é um chato".


Agora vai ser difícil parar de reclamar, pois não bastasse tudo isso, ontem a Bolsa de Valores de Londres fechou em queda de 5,5%, a maior desde 11 de setembro de 2001, aumentando o medo de uma grande recessão mundial.



Gandhi x Gandhi


Essa poucos Filhos de Gandhi espalhados pela Bahia devem saber. Diz a lenda que quando da cremação do Mahatma, seu filho mais velho e com que estava brigado, Harilal, um muçulmano convertido, alcólotra e vadio,ou boicotou a cerimônia ou chegou atrasado para participar dos rituais.


Na grande comoção que se seguiu, as cinzas de Gandhi foram colocadas em dezenas de pequenas urnas de metal e distribuídas por toda a Índia, negando ao Mahatma um funeral hindu apropriado como era da sua vontade.


Sessenta anos após o assassinato de Gandhi, a neta de Harilal irá jogar algumas das cinzas recentemente descobertas no Mar da Arábia em um ritual designado para que, enfim o Mahatma descanse em paz e ao mesmo tempo curar a rixa com o filho, também morto.


Os descendentes de Gandhi concordaram em realizar a cerimônia perto de Bombay no dia 30 de janeiro, quando se comemoram os 60 anos do assassinato do líder indiano por um extremista hindu em Dehli.


"O que deveria ter sido feito, será realizado agora", disse Tushar Gandhi, um dos bisnetos do Mahatma ao The Times. "Nós todos sentimos que assim estaria sendo feita a coisa certa. Se Harilal estivesse lá e ele mesmo tivesse conduzido a cerimônia, então a reconciliação já teria acontecido".


Conforme o costume hindu, o filho mais velho derrama as cinzas de seu pai em um rio ou mar dentro de 13 dias da cremação. Mas a relação entre Gandhi e Harilal estava tão mal que eles não se falavam há anos e ninguém da famlília sabia onde o filho estava.


Quando criança Harilal era devotado ao pai e queria seguir os passos dele e ser um advogado. A desavença começou quando Gandhi se recusou a apoiar os estudos em Direito do filho em Londres. Harilal tornou-se alcólotra, mergulhou no jogo e terminou sendo importador de roupas britânicas, mesmo quando seu pai lançou um boicote contra produtos britânicos. Ele se converteu ao Islã, mudando o seu nome para Abdullah antes de morrer de tuberculose em um hospital de Bombay no fim de 1948.


"Foi a falta de comunicação e entendimento que marcou a tragédia de duas pessoas com personalidades fortes" disse Tushar. "É muito triste que eles não tenham se entendido", acrescentou.


As urnas com as cinzas de Gandhi foram distribuídas por toda a Índia para serem imersas nos rios em vários funerais, mas muitas permaneceram nas mãos de devotos, incluindo uma que está na Califórnia.


Gopal Krishna Gandhi, outro neto do Mahatma, e governador do estado de Bengala Ocidental, foi quem sugeriu que se convidassem os netos de Harilal para realizarem o ritual.


Nilamben Parikh, neta de Harilal, que mora em Gujarat, deverá liderar a cerimônia - a primeira que alguém de sua família irá participar em homenagem a Gandhi. “Ela está emocionada pelo fato de ter a oportunidade de participar de algo tão importante representando o avô” disse Tushar.



Ps: Um filme indiano chamado Gandhi: Meu Pai lançado em 2007 aborda o tempestuoso relacionamento entre pai e filho. Caso esteja disponível no Brasil vale a pena assistir.


sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

I Can Get No Satisfaction, EMI !


Segundo o The Times, tudo indica que Sir Mick Jagger e os Rolling Stones deverão seguir os passos de Sir Paul McCartney e do Radiohead e vazar da EMI, a gravadora britânica que vai mal das pernas.
A provável saída da banda de rock mais bem sucedida da história será mais um duro golpe na credibilidade do novo dono da gravadora, o fundo de investimento Terra Firma, chefiado por Guy Hands, que está tendo problemas em reduzir os custos em meio a uma quebra de braço com artistas. Jagger e Hands se reuniram para discutir a renovação de contrato mas não chegaram a um denominador comum.

O Terra Firma comprou a EMI no ano passado por mais de 2 bilhões de libras. Desde então a gravadora viu a debandada do Radiohead, após briga por dinheiro e controle criativo. Thom York, líder do grupo, chegou a dizer que a banda "foi forçada a fazer o sinal da cruz e vazar". Já McCartney, ao dar o fora, descreveu a companhia como "muito chata".

Robbie Williams, um dos artistas da EMI que mais vende, disse na semana que passada que se recusa a entregar o novo trabalho e acusou Hands de comportar-se como um "latifundiário".

Os Rolling Stones tem um contrato valendo 14 milhões de libras que expira em Maio. A maior rival da EMI, a Universal saiu na pole-position e já é a favorita para levar os vovôs do rock pro seu cast após ganhar os direitos para distribuir um cd ao vivo com os Stones. Na verdade trata-se de um cd que acompanhará o filme Shine a Light, de Martin Scorsese, no qual o grupo é filmado tocando ao vivo em dois shows no Beacon Theatre, em Nova York.

Jagger é reconhecidamente um homem de negócios bem-sucedido. Ele licenciou o hit Start Me Up para a campanha do Windows 95 faturando 6 milhões de libras. Mas o que dá dinheiro são as turnês. A mais recente Bigger Bang, que passou pelo Brasil, levando mais de 1 milhão de pessoas para Copacabana, gerou a renda recorde de 437 milhões de dólares somente com a venda de ingresssos, sem contar o merchandising.

Fontes próximas à negociação afirmam que a banda não se sente confortável na EMI. A empresa deverá demitir mais de 2000 funcionários conforme o programa de reestruturação. O selo espera chegar a um acordo até o último minuto.

A saída da banda será ainda mais dolorosa pois, embora sexagenários, os Rolling Stones são realmente fazedores de dinheiro, gerando mais de 3 milhões de libras por ano para a gravadora.

Confirmada a ida para a Universal, esta irá reunir o catálogo da banda. Isso porque durante os anos 60, os Stones eram da Decca, parcialmente controlada pela Universal.


quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

E Heathrow parou.


Prezados,




Para quem trabalha em Heathrow, como é o caso desse blogueiro,o fechamento do mesmo seja por ameaça terrorista ou por mal tempo é um caos. Às vezes leva dias para que se volte ao ritmo normal. Hoje quando estava no final do expediente fiquei sabendo que um Boeing 777-200 ER da British Airways (BA) fez um pouso de emergência. O avião fazia o vôo BA 038 proveniente de Pequim trazendo 136 passageiros e 16 tripulantes. Seis pessoas terminaram indo parar no hospital para tratar de ferimentos leves.


O acidente aconteceu às 12h42m hora local, quando o Primeiro-Ministro Gordon Brown estava para decolar com destino à Índia e à China. A pista foi fechada para perícia e posterior limpeza dos detritos fazendo com que muitos vôos que estavam para aterrissar fossem desviados para outros aeroportos como Luton, Stansted e Gatwick e muitos outros previstos para decolar fossem cancelados.


Segundos testemunhas, a aeronave ao se aproximar estava voando baixo além da altura normal e ao tocar no solo destroços voaram para todos os lados e ouviu-se um estrondoso bang. Um porta-voz da BA enalteceu o trabalho da tripulação ao evacuar os passageiros e disse que mais informações serão divulgadas posteriormente.


Segundo Fernando Pardo que estava a bordo o vôo transcorreu normalmente sem nenhum sinal de problema até o momento que tocou o solo. "Foi tão rápido que não deu nem tempo de perceber. Também não houve pânico" acrescentou. Já um outro passageiro, Paul Venter, disse que notou algo estranho quando o avião estava para aterrisar. "Eu pude ouvir o som do trem de pouso saindo e em seguida nós despencamos, não sei precisar o quanto."


O Departamento de Trasporte já abriu as investigações para apurar as causas do acidente.


Como consequência a BA cancelou todos os vôos domésticos, europeus e até mesmos alguns vôos de longa duração. Vôos de outras companhias aéreas também foram afetadas. Promessa de caos para todo o aeroporto nos próximo dias, já que Heathrow é o aeroporto de tráfego internacional mais movimentado do mundo.





quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Blair, o consultor


Tony Blair, ex-premier britânico, poderá embolsar 25 milhões de libras (mais de 92 milhões de reais) no seu novo emprego no banco de investimentos norte-americano JP Morgan, conforme revelado esta semana nos principais jornais ingleses.


Este é o primeiro de uma série de novas ocupações que o fiel escudeiro do Sr. George W. Bush irá ter fazendo com que sua fortuna pessoal aumente consideravelmente. Espera-se que Blair dê palpites no que diz respeito à mudanças políticas e econômicas decorrentes da globalização.


Desde que deixou a casa de número 10 da Downing Street, residência oficial do premier britânico, enviado do Oriente Médio (sem remuneração) e discussando em jantares para políticos e empresários.


O anúncio foi recebido com críticas. Reg Keys, cujo filho morreu servindo no Iraque em 2003, disse: "é a mesma coisa que aceitar dinheiro manchado de sangue. Se ele tivesse consciência e alguma sensibilidade, não teria aceitado esse emprego", acrescentou.


Para o porta-voz para assuntos de defesa do partido conservador Gerald Howarth, "as forças armadas verão com desdém ele pegar o cheque gordo após ter enviado as tropas britânicas para a guerra mal equipadas e em número insuficiente".


O fato é que o JP Morgan lidera um consórcio de empresa que pretende fazer bilhões, já que a economia iraquiana se recupera da guerra lançada pro Blair e o presidente americano. Este consórcio irá administrar o "BNDES iraquiano", que levantou bilhões para financiar a produção de petróleo e irá obter lucros exorbitantes.


Segundo o banco de Wall Street, Blair irá prover consultoria estratégica e política, além de figurar em eventos para clientes.


Mr. Blair, 54 anos, quer dar um real propósito à sua carreira após terminar dez anos de governo. E parece que conseguiu, pois desde que passou o posto para Gordon Brown, tem vivido de dar palestras ao redor do mundo. Outras fontes de renda incluem um acordo de 5 milhões de libras (mais de 18 milhões de reais) para escrever suas memórias e uma aposentadoria de premier no valor de 64.000 libras ao ano (237 mil reais).


Além disso tudo, o presidente francês Nicolas Sarkozy faz campanha para que Blair seja o primeiro presidente da União Européia, posição cuja remuneração é de pelo menos 200 mil libras ao ano (740 mil reais).


Ao todo, especialistas acreditam que Mr. Blair poderá dobrar os 20 milhões de libras ganhos por Bill Clinton após deixar a Casa Branca.


Nada mal hein Mr. Blair?!?

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Sir Edmund Hillary (1919-2008)


Parece um contrasenso ou até mesmo mórbido iniciar um blog com um obituário, mas não poderia perder a oportunidade de comentar sobre Sir Edmund Hillary, primeiro homem a escalar o Everest, em 1953. Junto com Tenzig Nergay, o nepalês da etnia sherpa que o acompanhava , Sir Edmund (na fato ao lado, junto com Tenzig), na época um apicultor de 33 anos, conquistava o topo e escrevia o seu nome na história.

No dia 29 de maio de 1953 os dois completavam a escalada dando tempo de transmitir a notícia para Londres antes da coroação de Elizabeth II. Não precisa nem dizer que o mundo recebeu a notícia com incredulidade. "Tudo isso e mais o Everest" eram as manchetes dos principais jornais na manhã da coroação.

Após retornar do topo do monte, o modesto alpinista recebeu o companheiro de expedição George Lowe com as seguintes palavras: "Bem, George, nós nocauteamos o bastardo". Mas as aventuras de Sir Edmund não ficaram restritas apenas ao Everest. Anos depois ele liderou expedições ao Pólo Sul e à foz do Yangtsé, cimentando sua reputação como um dos maiores aventureiros do século XX.

Esse neozalandês devotou muito da sua vida auxiliando o povo que vive nas montanhas do Nepal e não se deixou levar pela fama, preferindo que fosse chamado apenas Ed e considerando-se apenas um simples apicultor.

Apesar dos seus feitos, sua vida foi marcada pela simplicidade. Era tão humilde que apenas admitiu ter sido o primeiro a escalar o Everest após a morte de Tenzing.

Nascido Edmund Percival Hillary em Auckland, em 20 de julho de 1919, iniciou-se no alpinismo ainda na adolescência, obtendo a sua primeira subida significativa em 1939. Durante a Segunda Guerra Mundial foi navegador da força aérea de seu país. Participou de uma fracassada expedição neozelandesa ao Everest em 1951 antes de fazer parte da bem sucedida expedição britânica em 1953. Escalou outros dez picos do Himalaia em visitas posteriores entre 1956 e 1965.

Foi nomeado cavaleiro da Ordem do Império Britânico em 16 de julho de 1953, membro da Ordem da Nova Zelândia em 1987 e cavaleiro da Ordem da Jarreteria em 1995.

Hillary devotou muito de sua vida para ajudar o povo do Nepal através do Himalayan Trust que ele fundou. Devido a seus esforços conseguiu construir vários hospitais e escolas nessa remota região do Himalaia. Em 1975, enquanto trabalhava na construção de uma dessas obras em Paphlu foi informado que o avião que trazia sua esposa e filha de Kathmandu se chocara, matando-as.

Essa tragédia o fez se concentrar ainda mais em ajudar na infra-estrutura e bem-estar da população do Himalaia. Foi também presidente honorário da American Himalayan Foundation, uma sociedade sem fins lucrativos norte-americana que contribui com a melhora nas condições de vida e ambientais do Himalaia.

Em 1989 casou-se novamente e passou a se envolver em projetos ambientais.Suas obras beneficentes foram responsaveis pela construção de vinte e cinco escolas, dois hospitais e doze clínicas médicas, além de pontes, campos de pouso para pequenos aviões e a reforma de templos budistas e centro culturais. Como se não bastasse, ainda foi responsável pela plantação de mais de mil mudas de plantas no Parque Nacional de Sagarmatha.

Retornou â montanha em 2003 para as comemorações dos cinquenta anos da sua primeira escalada e ficou abismado com a maneira que o Everest se tornou uma atração turística. Na ocasião pediu o "fechamento temporário" do monte para que o mesmo tivesse um descanso."Eu gosto de pensar no Everest como o maior desafio do montanhismo e fico triste quando percebo que pessoas só usam a escalada como forma de se promoverem".

Edmund Hillary faleceu em 11 de janeiro de 2008 em um hospital de Auckland, na Nova Zelândia, aos 88 anos de idade. Ele deixa um filho e uma filha do primeiro casamento.

Descanse em paz Sir Edward.

Ps: Quem quiser conhecer mais sobre os desafios do Everest uma boa dica de livro é A morada dos deuses, Carlos Tramontina, Sá Editora, São Paulo, 2004.