domingo, 27 de abril de 2008

Os Ricos Cada Vez Mais Ricos


Um governo de esquerda em um país onde os ricos cada vez ficam mais ricos. Poderia muito bem ser aplicado ao Brasil, mas estou falando do Reino Unido.


As 1.000 pessoas mais ricas da Grã-Bretanha viram a sua riqueza quadruplicar no governo trabalhista, segundo a lista anual dos bilionários publicada hoje no The Sunday Times. Mesmo no breve governo de Gordon Brown as fortunas dos ricos cresceram em até 15%.


A riqueza coletiva dos 1.000 ricos que era de £ 99 bilhões em 1997 chegou aos £412 bilhões.


“Os 11 anos de governo trabalhista foram absolutamente fantásticos para os super-ricos", afirmou Philip Beresford, compilador da lista.


O homem mais rico do Reino Unido continua sendo o indiano Lakshimi Mittal, magnata do aço, cuja fortuna saltou dos 19.25 bilhões de libras em 2007 para os £27.7 bilhões esse ano.Mittal é agora o sexto homem mais rico do mundo. Recentemente, em sociedade com o magnata da Fórmula 1, Bernie Ecclestone e Fábio Briattore, Mittal adquiriu o Queen´s Park Rangers, time de futebol da Segunda Divisão inglesa.


Mittal é seguido por Roman Abramovich (foto), o oligarca russo dono do Chelsea, que possui uma fortuna avaliada em £11.7 bilhões e pelo Duque de Westminster com £7 bilhões.


A lista, que inclui pessoas que nasceram ou estão baseadas no Reino Unido, revela que os nativos britânicos estão sendo ultrapassados pelos bilionários estrangeiros. Apenas seis do Top 20 nasceram na Grã-Bretanha.


Os bilionários estrangeiros estão fazendo de Londres uma das capitais globais para uma superclasse móvel. O ricaço que conseguiu subir mais posições na lista foi Alisher Usmanov, outro oligarca da antiga União Soviética, que possui negócios no ramo da mineração, aço, mídia e finanças. Um aliado próximo do ex-presidente russo Valdimir Putin, Usmanov, vale hoje £5.7 bilhões, e hoje é o maior acionista do Arsenal FC.


E os oligarcas soviéticos estão com tudo e não estão pra prosa, Leonard Blavatnik, um russo que fez fortuna com o petróleo, ocupa a décima-primeira posição na lista e possui uma mansão em Londres, avaliada em 41 milhões de libras. Haja dinheiro! Uma outra novidade na lista e oriunda da terra da vodka é Vladimir Kim, que comanda a mineradora Kazakhmys com sede em Londres. Kim é dono de uma fortuna avaliada em £2.9 bilhões.


A coisa tá ficando russa por essas bandas.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

O dilema de Cruyff


Sequestradores tiraram Cruyff da Copa de 1978.

A decisão de Johann Cruyff de não ir à Copa de 1978 World Cup por muito tempo foi atribuída à sua relutância em fazer propaganda para a junta militar que governava a Argentina, país anfitrião do torneio, naquela época.


Depois de quase trinta anos, o craque holandês finalmente revelou que havia um outro motivo em sua recusa em viajar até a terra de "los hermanos": uma tentativa de sequestro onde ele e sua família foram ameaçados de morte.

Cruyff disse à Rádio Catalunya que a tentativa de sequestro ocorreu em Barcelona, onde o craque jogava, em 1977. "Eu tive um rifle apontado para minha cabeça. Eu, minha esposa e meus filhos fomos amarrados no nosso apartamento em Barcelona".

O maestro holandês não explicou como o sequestro terminou mas disse que sua casa ficou obre proteção policial durante quatro meses e que policiais acompanhavam a ida e a volta dos seus filhos da escola. A preocupação com o bem-estar da família significou que ele não se sentia capaz em ajudar a Holanda na Copa.

"Para jogar uma Copa do Mundo você tem que estar 200%," disse Cruyff. "Há momentos em que existem outros valores na vida", filosofou o camisa 14 da Laranja Mecânica.

Cruyff, aclamado como um dos melhores jogadores da sua geração. comandou a Holanda à final da Copa de 1974, onde só perderam a final para os alemães. Ele se aposentou da seleção holandesa em 1977 após ajudar o seu país a se classificar para a Copa de 1978 onde, sem ele, a Holanda chegou à final, novamente perdendo para os anfitriões.

Agora resta a pergunta: Será que os sequestradores eram argentinos?

Em 1974, Cruyff marcou 2 gols na goleada holandesa de 4x0 sobre os argentinos pela segunda fase da Copa. Com ele em campos portenhos, talvez o desfecho fosse outro.

terça-feira, 15 de abril de 2008

A Tragédia de Hillsborough


O Liverpool lembra hoje em uma cerimônia o 19º aniversário da tragédia de Hillsborough, em Sheffield, que matou 96 torcedores do clube inglês.
Como já é tradição, o Grupo de Apoio às Famílias de Hillsborough organizou uma cerimônia que será realizada no estádio Anfield, na área conhecida como "The Kop", no qual as vítimas serão lembradas.


Para tentar entender o ocorrido é necessário voltar no tempo. Hillsborough é o estádio do Sheffield Wednesday, que atualmente briga para não cair para a Terceira Divisão do futebol inglês. Naquele 15 de abril de 1989, o Liverpool enfrentava o Nottingham Forest pela semi-final da FA Cup (Copa da Inglaterra). A FA Cup, é a competição entre clubes de futebol mais antiga do mundo, e será abordada por este blog mais para frente.

Tradicionalmente os confrontos da FA Cup são definidos em sorteio e apenas se realiza um jogo. Caso haja empate, ocorre nova partida no campo do visitante do jogo que terminou empatado. Na fase de semi-final, joga-se em campo neutro, como foi o caso em 1989.

Na fatídica partida a superlotação no acanhado estádio e a falha do policiamento em conter a multidão foram fatores primordiais que concorreram para a tragédia. A partida foi paralisada ainda no primeiro tempo. Essa tragédia foi um marco no futebol inglês: depois dela todos os estádios no Reino Unido foram obrigados a terem assentos marcados e a retirarem os alambrados.

Naquele tempo, a maioria dos estádios possuiam alambrados separando os espectadores do gramado. Era uma maneira de conter os hooligans que por muito tempo bagunçaram os coretos Grã-Bretanha a fora. Os hooligans, muito violentos na Inglaterra, adoravam uma invasão de campo e arremesar rojões nos adversários. Esse tipo de prática vinha ocorrendo desde os anos 60.

O Hillsborough Stadium era uma sede regular das Semi-Finais da FA Cup durante os anos 80, abrigando um total de cinco partidas. Um incidente parecido havia ocorrido 8 anos antes, durante a semi-final entre Tottenham Hotspur x Wolverhampton Wanderes, em 1981, que teve o saldo de 38 feridos. Em resposta ao ocorrido, o Sheffield Wednesday tratou de alterar o desenho de parte da arquibancada conhecida como Leppings Lane End, dividindo em três partes distintas. Três anos mais tarde, alterou-se para cinco partes quando Os Corujas (como é conhecido o Wednesday) ganhou o acesso à Primeira Divisão.

Liverpool e Nottingham Forest se encontraram na mesma fase de semi-final no mesmo estádio pela mesma competição um ano antes, tendo muitos torcedores do Liverpool contando sobre incidentes na Leppings Lane End, o que gerou num protesto do Liverpool jquando da definição do Hillsborough como sede da partida.
O estádio reservara a Leppings Lane End para a torcida do Liverpool. O pontapé inicial seria as 3 da tarde, tradicional horário de futebol por essas bandas. Os torcedores foram orientados a ocuparem seus assentos quinze minutos antes do início do jogo. Rádio e Tvs avisavam aos torcedores sem ingresso que não tentassem entrar sem um ingresso válido.

Entre 2:30 e 2:40, havia um número considerável de torcedores numa pequena área próxima às borboletas de entrada, todos queriam entrar no estádio rápido antes do começo da partida. Um gargalo se formou com mais torcedores chegando. Aproximadamente 5.000 torcedores estavam tentando passar pelas borboletas. Preocupada com a segurança do lado de fora do estádio, a polícia decidiu abrir alguns portões. Isso levou a um corre-corre entre os torcedores.


Milhares de torcedores tiveram que passar por um túnel estreito no fundo das arquibancadas e foram parar no meio de duas sessões, já superlotadas, das mesmas, causando tumulto no começo da arquibancada, onde as pessoas eram prensadas contra o alambrado. As pessoas que entravam não sabiam dos problemas na região dos alambrados - geralmente a polícia ou funcionários dos estádios bloqueavam as sessões que já estavam cheias e encaminhariam os torcedores para outras partes, mas naquele dia eles não o fizeram, por motivos que nunca foram totalmente explicados.


Por algum tempo, a confusão não foi notada por ninguém, a não ser, é claro, pelos afetados. As atenções estavam voltadas para a partida, que já havia começado. Foi só depois de decorridos 6 minutos que o árbitro foi avisado pela polícia e parou a partida. Alguns minutos depois torcedores começaram a escalar o alambrado para fugir do pesadelo. Um pequeno portão no alambrado foi arrombado e alguns torcedores escaparam por essa rota. Outros continuaram a escalar o alambrado enquanto outros eram socorridos pela torcida que estava na West Stand, que ficava diretamente acima da Leppings Lane.


O aperto era tamanho que muitos torcedores morreram em pé. O gramado rapidamente começou a encher de pessoas suando e procurando respirar e, principalmente, de corpos. A polícia, funcionários do estádio e o serviço de ambulância presentes ao estádio estavam sobrecarregados. Os torcedores que não estavam feridos ajudavam no melhor que podiam, com muitos realizando massagem cardíaca e respiração boca-a-boca. Outros utilizavam as placas de publicidade como macas improvisadas.


Um total de 94 pessoas morreram no dia, com 766 feridos, 300 dos quais hospitalizados. Quatro dias depois, o número de mortos subiu para 95, quando Lee Nicol, de 14 anos não resistiu aos ferimentos. O saldo final chegou a 96 em março de 1993, quando Tony Bland morreu após permanecer em coma por quase 4 anos.

Com a partida sendo transmitida pela BBC, o desastre foi assistido por uma enorme audiência causando um impacto emocional sem precedentes na população britânica.

Um monumento em tributo aos que perderam suas vidas na tragédia se encontra no estádio do Liverpool, Anfield. Um outro monumento foi construído em 1999 no próprio Hillsborough. Há também uma homenagem em forma de placa na calçada no lado sul da Catedral de Liverpool.

Após o desastre foi aberto um inquérito, que recebeu o nome de Taylor Report (Relatório Taylor) em referência à Lord Taylor (que presidiu o inquérito). O inquérito durou 31 dias e foi dividido em dois relatórios: um que abordava as conclusões imediatas e o relatório final que estabelecia recomendações gerais sobre a segurança nos estádios de futebol.Como resultado do Taylor Report, alambrados e cercas foram removidos dos estádios e todos foram convertidos para que o público assistise aos jogos sentado.


O relatório apontou como principal causa do desastre a falha da polícia em controlar a multidão. Os dois policiais que comandaram a desastrosa operação não foram condenados. Tudo acabou em pizza. Até parece o nosso Brasil.

Voltando ao presente, o ato em homenagem aos 19 anos da tragédia contará com a participação do técnico Rafael Benítez e de vários jogadores e diretores do clube, os presentes guardarão um minuto de silêncio, antes de cantarem juntos a música "You'll Never Walk Alone", considerada o hino do Liverpool.O clube acenderá uma vela para cada um dos 96 mortos na tragédia.