domingo, 18 de julho de 2010

60 Anos do Maracanazo


Na última sexta-feira, dia 16, comemorou-se o 'Maracanazo', símbolo da melhor campanha do futebol uruguaio, quando a Celeste Olímpica venceu o anfitrião Brasil na final da Copa de 1950. E, no embalo da excelente e, porque não, surpreendente campanha na Copa de 2010, que culminou num honroso quarto lugar, os uruguaios comemoram o renascimento do futebol no país e no resgate de sua tradição no futebol mundial. Assim, nossos hermanos do extremo sul já começam a sonhar com a repetição do feito em 2014.

A mídia uruguaia, como não podia deixar de ser, embarca na onda de otimismo e orgulho recuperado. "Aos 60 anos do Maracanazo e a apenas quatro do Brasil-2014", intitulou na última sexta-feira o jornal 'Últimas Noticias', sustentando que, "com o orgulho celeste bem elevado pela recente campanha na África do Sul, este 16 de julho é diferente dos anteriores".

"Hoje (sexta, dia 16) lembramos os 60 anos do Maracanazo, mas olhando para o próximo Mundial, que será no Brasil. Misturemos passado e futuro para ver no que dá", destacou o jornal em nota dedicada à façanha, lembrada em todo 16 de julho pela imprensa uruguaia.

Naquele 16 de julho de 1950, o Uruguai conseguiu a proeza de calar um Maracanã lotado, com cerca de 200 mil pessoas, ao vencer de virada o Brasil pelo placar de 2x1. A partir daquela data, a épica vitória passou a ser transmitida de geração a geração.

O autor do gol do título, Alcides Ghiggia, lançou uma frase que sintetizou bem o triunfo uruguaio e que entrou para a história: "Três pessoas calaram o Maracanã: o Papa, Frank Sinatra e eu".

Para a final de 50, bastava um simples empate para o Brasil ser campeão. E com amplo favoritismo a seleção brasileira abriu a contagem. O lendário capitão uruguaio, Obdulio Varela, "El negro jefe" pôs a bola debaixo do braço, o que é lembrado como um momento chave que fez com que os uruguaios recuperassem o brio.

Aos 21 minutos da segunda etapa, o Uruguai empatou com Juan Alberto Schiaffino. A virada veio aos 34 minutos, quando Alcides Ghiggia fez o segundo para o Uruguai, dando início à lenda do "Maracanazo".

- Depois do gol, o silêncio foi incrível - lembrou o único remanescente vivo da seleção de 50, além do goleiro reserva Aníbal Paz, que está doente.

Depois de 1950, o Uruguai chegou em quarto lugar, em 1954, na Suíça. Em 1958, não conseguiu se classificar para o mundial na Suécia. No Chile, em 1962, foi eliminado na primeira fase. Em 1966, na Inglaterra, foi eliminado pelos alemães, nas quartas-de-final, com uma goleada de 4x0.

Aí veio o mundial de 1970, no México. Os uruguaios chegaram na semi-final e enfrentariam o Brasil. Eles acreditavam que por terem sido campeões em 1930 e 1950, repetiriam o feito em 1970. Tudo levava a crer que a Celeste levaria a melhor, pois sairam na frente com um gol de Cubilla. O Brasil sentia o fantasmo de 50 rondando. Depois do empate no final do primeiro tempo com Clodoaldo e depois da bronca de Zagallo no intervalo, o Brasil virou a partida e venceu por 3x1.

Esta seria a última grande campanha uruguaia em copas.Depois foram pífias participações e longos períodos de ausência.É importante frisar que aquele quarto lugar em 1970 foi recebido como derrota, pois os uruguaios tinham uma seleção forte. Quarenta anos depois, o quarto lugar na África do Sul, levou centenas de milhares de uruguaios - em um país de 3,4 milhões de habitantes - a tomarem as ruas de Montevidéu para festejar sua seleção de futebol.

Na chegada da equipe na semana passada, os uruguaios lembraram das glórias passadas e passaram a mira a Copa do Mundo de 2014.

"Se hoje no Brasil houver um campeonato, há um único país que pode vencê-lo: Uruguai!", dizia um dos motoristas enquanto, em meio ao repique de tambores, o público cantava em coro: "Voltaremos, voltaremos! Voltaremos outra vez, voltaremos a ser campeões, como na primeira vez!".

Agora resta a pergunta: Será que o raio uruguaio cairá duas vezes no Maracanã?