domingo, 23 de março de 2008

Mistério no Pacifico


A aviação é uma paixão recente em minha vida. Após trabalhar em um aeroporto de intenso movimento, fui aos poucos me interessando pelos tipos de aeronaves, companhias aéreas e, também, pelos acidentes e suas causas.


E após conhecer inúmeros sites, acabei por ficar sabendo que um dos maiores mistérios da aviação comercial mundial (se não o maior) envolve uma aeronave de uma companhia brasileira, no caso a VARIG.


Então vamos entrar no túnel do tempo e voltar ao dia 30 de janeiro de 1979, uma terça-feira.No aeroporto de Narita (NRT) seis tripulantes da Varig se apresentam ao serviço com a missão de voar sem escalas até Los Angeles, única escala do vôo cargueiro que deveria chegar na tarde de quarta-feira ao Aeroporto Internacional do Galeão (GIG). A aeronave utilizada seria um Boeing 707-323, matrícula PP-VLU (na foto acima), que na época tinha 13 anos de operação.


No comando do 707 estava o Comandante Gilberto Araújo da Silva, profissional experiente e famoso por ter pilotado e sobrevivido ao fatídico vôo RG 820 (também um Boeing 707), que acidentou-se em Orly, na França, em 11 de julho de 1973, onde morreram 123 pessoas, dentre elas Filinto Muller, aquele que entregou Olga Prestes aos nazistas.


Ao lado de Araújo estava Emy Peixoto Myllius, também no comando e mais dois co-pilotos: Antônio Brasileiro da Silva Neto e Evan Braga Saunders. Dois engenheiros de vôo completavam a tripulação de revezamento: Nicola Espósito e Severino Gusmão Araújo, este último, sem grau de parentesco com o comandante.


O 707 foi carregado até sua capacidade de peso, embora não de carga. O PP-VLU levava uma carga incomum: 153 pinturas do pintor nipo-brasileiro Manabu Mabe, que havia acabado de completar uma exposição de arte no Japão. As pinturas foram avaliadas na época em mais de US$ 1,24 milhão. Carga de outras origens, entre elas bens manufaturados, completavam a capacidade do 707, que saiu com seu peso máximo de decolagem, de pouco mais de 151 toneladas. A limitação deu-se não em função de espaço na cabine (cubagem) mas em função mesmo de se ter atingido o peso máximo estrutural. Afinal, para cumprir a longa distância de 5.451 milhas (8.773 km) até Los Angeles, havia a necessidade de tanques cheios para garantir autonomia para a travessia.


Ao pousar no Aeroporto Internacional de Los Angeles (LAX), o Cmte. Araújo passaria o bastão para uma nova tripulação, que então assumiria o vôo sem escalas até o Galeão.


A decolagem foi presenciada por centenas de pessoas e todas foram unânimes em dizer que o Boeing 707 partiu numa atitude normal, segundos depois perdendo-se em meio à nevoa úmida e fria que cobria Narita naquele fim de tarde. Essa seria a última visão que alguém teria do PP-VLU e seus seis tripulantes. Tomando a proa norte-nordeste, sobre o Oceano Pacífico, o 707 desapareceu sem deixar vestígios cerca de trinta minutos após a decolagem.


O desparecimento foi notado pois a aeornave não reportou sua passagem sobre um dos pontos imaginários fixos, usados na navegação e monitoramento de progresso de vôo. O silêncio do PP-VLU despertou suspeitas no controlador que imediatamente tentou comunicar-se com a aeronave. Após uma hora de tentativas em vão, o alarme foi dado e as equipes de busca e salvamento foram chamadas. Quando a noite caiu as buscas foram suspensas e só foram retornadas mais de 12 horas depois da decolagem, na manhã do dia seguinte. Apesar de todos os esforços e de mais de oito dias de busca intensa, nenhum sinal da aeronave, de destroços ou mesmo dos corpos dos tripulantes jamais foi encontrado.


Esse é o grande mistério do PP-VLU. Nunca, nem antes nem depois deste acidente, uma aeronave a jato desapareceu sem deixar vestígios.


Se houve uma falha grave e repentina, por exemplo: uma explosão a bordo, a emergência teria incapacitado instantaneamente os tripulantes, impedindo-os de enviar uma curta mensagem de emergência. Nesse caso, a aeronave teria caído no mar sem controle, ou em pedaços, espalhando destroços por uma vasta área. Em casos assim, de queda descontrolada, sempre sobram vestígios da aeronave. Por outro lado, se a falha fosse séria o bastante para impedir a continuidade do vôo, mas não catastrófica, haveria tempo suficiente para o envio de uma mensagem de emergência. Entretanto nada foi ouvido em terra, nem pelas muitas aeronaves que sobrevoavam o espaço aéreo japonês naquele momento.


Já foram registrados casos de aviões caindo no mar. Em todos eles, foram comunicadas emergências. Em 1990, um Boeing 727-200, voando de Malta para o Peru num vôo charter desapareceu no mar. Porém antes da queda, o piloto emitiu uma mensagem de socorro captada por duas outras aeronaves. Outro caso de queda no mar ocorreu em 1987, quando um Boeing 747, da South African Airways, enfrentou fogo a bordo e caiu perto das Ilhas Mauricio, matando todos os 159 ocupantes. Em ambos os casos, os pilotos comunicaram problemas. Portanto, se o 707 da Varig estivesse com algum problema que o impedisse de prosseguir viagem alguma mensagem de emergência ou pedido de socorro teria sido enviada.


Dois acidentes, porém, podem explicar o que aconteceu com o 7O7 da Varig há quase 30 anos atrás. O primeiro aconteceu em 1999. Um Learjet 35 decolou da Flórida para um vôo de duas horas, levando o famoso golfista Payne Stewart e mais seis ocupantes. A tripulação deixou de se comunicar com o solo e dois jatos da Força Aérea americana decolaram para interceptar o jatinho. Os pilotos dos caças reportaram que as janelas do Learjet estavam cobertas, internamente, por uma fina camada de gelo, mas era possível perceber que os pilotos estavam mortos, ainda atados aos seus assentos. Sob comando do piloto automático, o jato manteve-se a 46.000 pés, até cair, cinco horas depois, no estado de Dakota do Sul, quando acabou o combustível. Causa do acidente: um adaptador usado para consertar uma válvula de escape de ar falhou, causando despressurização da cabine.


O segundo, ocorrem em 2005. Um Boeing 737-400 da empresa Helios Airways (Chipre) caiu perto do Aeroporto de Atenas (ATH) matando os 121 ocupantes . Meia hora após a decolagem o 737 deixou de comunicar-se com os controladores de vôo. Os controladores gregos entraram em contato com seus colegas cipriotas, que informaram que os pilotos do 737 haviam declarado "problemas no ar condicionado" logo após a partida. Dois caças F-16 gregos foram enviados e interceptaram o 737. Os pilotos gregos, voando a poucos metros do Boeing, reportaram que não havia ninguém na cadeira do comandante e o co-piloto estava aparentemente desmaiado sobre o manche.


Desta forma, essa parece ser a única hipótese para o desaparecimento do 707. O PP-VLU pode ter sofrido a mesma falha no sistema de pressurização, que aliás, é um problema que ocorre mais comumente do que se pensa - ou do que se divulga. Essa falha pode ter levado à uma lenta e gradual despressurização, incapacitando gradativamente os seis ocupantes do 707. Os tripulantes do PP-VLU teriam desmaiado e, minutos depois. O Boeing teria então voado na mesma proa e altitude, corrigida pelo piloto automático, até ficar sem combustível, mergulhando então em algum ponto da imensidão do Oceano Pacífico.


Ora, se uma falha igual ao do 737 da Helios ou com o Learjet 35 de Payne Stewart ocorreu no PP-VLU, então o 707 teria sumido a milhares de quilômetros de onde ocorreram as buscas. Isto por que as buscas concentraram-se numa área expandida, baseada na posição do último contato do Boeing com o controle de solo. Isso explica porque nada foi encontrado, apesar do trabalho árduo de dezenas de embarcações e aeronaves da marinha japonesa e norte-americana. Depois de oito dias, durante os quais até 70 navios e aviões foram utilizados, as buscas foram definitivamente suspensas.

Nesses quase 30 anos, inúmeras teorias tentaram explicar o que aconteceu com o avião da Varig. Falou-se até na possibilidade de um seqüestro praticado por espiões da KGB. Segundo essa "teoria", o cargueiro levava mais do que quadros de Manabu Mabe. Em seus porões haveria códigos de computadores retirados de um MIG-25 da Força Aérea Soviética que havia deserdado da base de Saharovka e pousado no aeroporto internacional de Hokkaido, em 1976. Desta forma, o PP-VLU teria sido interceptado pelos soviéticos e obrigado a pousar na então União Soviética, para que os códigos não fossem levados aos Estados Unidos.

Deixando as teorias conspiratórias de lado, o fato é que o PP-VLU entrou para a história como o único jato comercial que desapareceu sem deixar vestígios.

E um outro fato que adiciona ainda mais curiosidade é o caso do Comandante Araújo, um dos raríssimos casos de pilotos de aeronaves comerciais que se envolveram em dois acidentes fatais.


Como diria Dona Milú de "Tieta do Agreste":


- MISTÉRIO.







7 comentários:

Anônimo disse...

Essa do Boeing Varig foi de arrepiar!! Abraço amigo!

Anônimo disse...

Abs Jotalhão!!!!

Blog do JH disse...

Valeu Companheiro.Abraços.

Leonardo Ribeiro disse...

Lost!

Anônimo disse...

uau this history is fantastic!!!i never read soo cool in my life.hugs

Anônimo disse...

Por gentileza, coloque os creditos ao Jetsite, pois voce plagiou a historia completa.

http://www.jetsite.com.br/2008_v35/AcidenteBlackbox.aspx

Consideracao

Gianfranco Betting

salvatore disse...

hey,man, blz?
pow, achei teu blog procurando por "dona milu tieta" no google imagens..ejhehehehhee..e parei pq me amarro em aviacao civil..pow, nao sabia desse acidente envolvendo o 707 da varig, vou procurar me inteirar. abs!