sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Quando um Gol faz aniversário


O gol é o momento mágico do futebol, principalmente quando bem trabalhado ou quando acontece num momento decisivo, embora para alguns mais pragmáticos seja apenas um detalhe. O fato é que gols também fazem aniversários, gols também ficam marcados para sempre na memória. E no último dia 3, um gol completou 30 anos. O gol que deu início à geração de ouro do Flamengo e foi o estopim para a fase mais vitoriosa do clube.


Naquele 3 de dezembro de 1978, Flamengo e Vasco decidiam o 2º turno do Campeonato Carioca. Em 1977, o Vasco havia vencido o maior rival nos penaltis e levado o título. No ano seguinte, o rubro-negro já havia vencido o primeiro turno e se conquistasse o segundo automaticamente seria campeão estadual depois de 4 anos. Naquele dia, o Flamengo precisava da vitória para evitar mais 2 jogos entre as duas equipes.


O Maracanã estava lotado, afinal era dia de "clássico dos milhões", mais de 120 mil pagantes acompanhavam a decisão, do lado rubro-negro Zico, Junior, Adílio e Cláudio Adão, do lado cruz-maltino Roberto Dinamite, Abel e o goleiro Leão. O jogo era muito importante, vice em 1977 e tendo feito má campanha no Brasileiro, o título representaria a consagração de uma geração que estava sendo formada dentro do clube mas que até então não havia conquistado nenhum título. O próprio Zico recentemente afirmou que um fracasso representaria o desmantelamento da equipe.


O jogo foi truncado, tendo o Flamengo mais volume de jogo e iniciativa, pois o Vasco estava fechadinho na busca pelo empate, já que era isso que precisava. Leão fechava o gol até os 41 minutos do 2º tempo, quando veio um escanteio dado de graça pelo Vasco. Segundo Zico, a jogada não foi ensaiada, apenas combinada. O time rubro-negro sabia que a zaga vascaína não era forte no jogo aéreo. O acertado era que em dado momento da partida a bola seria alçada na área para ver no que é que dava. O eterno camisa 10 da Gávea foi para a cobrança do tiro esquinado. A bola viajou até o meio da área para a cabeçada certeira e fulminante de Rondinelli, que veio lá de trás, a defesa vascaína apenas olhava para a bola e Abel ( o mesmo Abel Braga treinador) quase não saiu do chão.


O que se viu em seguida foi uma explosão típica de êxtase e barulho ensurdecedor que só um Maracanã lotado e a Nação Rubro-Negra podem proporcionar. O tiro fora certeiro. O Flamengo conquistava o título carioca e depois chegaria ao tri-estadual (1978,1979 e 1979 Especial), conquistaria o Brasileiro de 1980 e arrancaria rumo à Àmerica e ao Mundo em 1981. Esse gol de Rondinelli foi o embrião de inúmeras conquistas e da consolidação do Flamengo como maior torcida do Brasil.


Nos anos seguintes, os cartórios de norte ao sul do país registravam o nascimento de milhares de Rondinellis. O "Deus da Raça" conquistava o seu lugar no Hall of Fame Rubro-Negro e até hoje é reverenciado pela torcida.


Eis a ficha do jogo:


Flamengo 1 x 0 Vasco da Gama

3 de dezembro de 1978, no Maracanã

Árbitro: José Roberto Wright

Público: 120.433

Expulsões: Guina e Zico

Gol: Rondinelli (42 minutos do 2º tempo)

Flamengo: Cantarelli, Toninho, Manguito, Rondinelli e Júnior; Capergiani, Adílio e Zico; Marcinho, Cléber (Eli Carlos), e Tita (Alberto). Técnico: Cláudio Coutinho

Vasco: Leão, Orlando, Abel, Gaúcho e Marco Antônio; Helinho, Guina e Paulo Roberto; Wilsinho (Paulo César) Roberto Dinamite e Ramon (Paulinho). Técnico: Orlando "Titio" Fantoni


E assim com o passar dos anos gols importantes e fantásticos são lembrados pelos amantes do esporte bretão. O gol de Carlos Alberto, na final de 1970 é, talvez, o mais bonito pela construção da jogada, de todos os tempos. O de Maradona driblando meio time inglês no México, em 1986, é uma pintura. O gol de barriga de Renato Gaúcho no FlaxFlu de 1995. O gol de Raudinei no BaxVi decisivo de 1994. O gol de Petkovic no Tri do Flamengo contra o Vasco, de novo, em 2001 e por aí vai. Esses e muitos outros serão lembrados para sempre.


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