A Primavera de Praga
de 1968 é o
termo usado para o breve período de
tempo, em que o governo da Tchecoslováquia, liderado por Alexander Dubcek
aparentemente queria democratizar o país e
diminuir o poder que Moscou tinha
sobre assuntos da nação. A
Primavera de Praga terminou com a invasão soviética, a remoção de Alexander Dubcek como
líder do partido e o fim das
reformas na Tchecoslováquia.
Os primeiros sinais de que
nem tudo estava bem na Tchecoslováquia
ocorreu em maio de 1966, quando houve queixas de que a União Soviética estava
explorando as pessoas. Aos poucos as pessoas na
Eslováquia começaram a reclamar que o governo de Praga estava impondo suas regras sobre os
eslovacos e diminuindo a autonomia local. A economia fraca
agravaou a situação e nenhuma das reformas que foram introduzidas
funcionou. Os trabalhadores permaneceram em condições precárias de
habitação e viviam o mais básico
dos estilos de vida. O mesmo
ocorreu na Tchecoslováquia rural.
Em
junho de 1967, houve crítica aberta à Antonin Novotný, líder do Partido, no Congresso da União dos
Escritores. Em outubro de 1967, os estudantes protestaram contra Novotný e no início de 1968,
ele foi substituído como primeiro-secretário
do Partido por Alexander
Dubcek. Embora não tivesse almejado a liderança do movimento anti-Novotný, havia entregue uma longa lista de queixas contra ele (Setembro de 1967), Dubcek era a
escolha óbvia.
No
dia 5 de abril 1968, Dubcek
iniciou um programa de reformas que incluía emendas à Constituição da Checoslováquia, que trazia de volta ao
País um grau de democracia política e
uma maior liberdade pessoal.
Dubcek anunciou que o Partido
Comunista checo continuaria a ser
o partido predominante na
Tchecoslováquia, mas que queria que os aspectos totalitários do
partido fossem reduzidos. Membros do Partido Comunista
da Tchecoslováquia tiveram o direito de contestar a política do partido
em oposição à aceitação tradicional
de toda a política do governo. Os membros do partido tinham agora o direito
de agir "de acordo com sua
consciência". A partir daí esse movimento de
reformas ficaria conhecido como "Primavera
de Praga", em que eram anunciados também o fim da censura e o direito dos cidadãos checos para criticar o governo. Com a abertura, os jornais
aproveitaram a oportunidade para produzir
matérias contundentes sobre
a incompetência do governo e a corrupção
que nele imperava. O péssimo estado da
habitação para os trabalhadores tornou-se
um tema muito comum.
Dubcek também anunciou que os agricultores poderiam formar cooperativas independentes ao invés de seguir
as ordens provenientes de uma autoridade centralizada. Aos sindicatos foi dada ampla liberdade para negociar
com os seus membros.
Dubcek assegurou a Moscou que a Tchecoslováquia
permaneceria no Pacto de Varsóvia
e que eles não tinham nada para se preocupar no que diz respeito às reformas. Não
precisa nem dizer que essas palavras não tranquilizararam
o líder soviético Brejnev e na madrugada entre o dia 20 e 21 de agosto
de 1968 tropas do Pacto de Varsóvia
invadiram a Tchecoslováquia para
reafirmar a autoridade de Moscou.
A maior parte destas tropas eram da União Soviética, mas também foram enviados contigentes poloneses, húngaros, búlgaros e da
Alemanha Oriental.
Ficou
claro que os tchecos não tinham capacidade para resistir à a invasão e,
apesr de tudo, não houve derramamento de sangue, em contraste
com o levante húngaro de 1956.
As
reformas de Dubcek foram
abandonadas. Ele foi preso e
enviado a Moscou. Pouco tempo depois retornou ao
seu país ainda como primeiro-secretário do
Partido. Na sequência, seguindo determinação do Kremlin, Dubcek anunciou a suspensão de todas as
reformas e em abril de 1969, foi afastado do cargo.
A Primavera de Praga
provou que a União Soviética não estava disposta ou sequer cogitava a saída de qualquer membro
do Pacto de Varsóvia. Os tanques que ocuparam as ruas de Praga reafirmaram para o ocidente de que os povos do leste europeu eram oprimidos e não viviam em democracia como na Europa Ocidental ao passo que para o Kremlin assegurou a
manutenção do Pacto de Varsóvia, considerado vital para a sobrevivência do comunismo na Europa como um todo.
Após deixar o poder Dubcek foi membro do parlamento e embaixador na Turquia até ser expulso do partido em 1970. Depois disso virou burocrata e foi trabalhar no serviço florestal. Só voltaria a vida política com a eclosão da Revolução de Veludo em 1989 que trouxe fim ao comunismo no país e inspirou o leste europeu a se redemocratizar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário