quarta-feira, 21 de agosto de 2013

45 anos do fim da Primavera de Praga


A Primavera de Praga de 1968 é o termo usado para o breve período de tempo, em que o governo da Tchecoslováquia, liderado por Alexander Dubcek aparentemente queria democratizar o país e diminuir o poder que Moscou tinha sobre assuntos da nação. A Primavera de Praga terminou com a invasão soviética, a remoção de Alexander Dubcek como líder do partido e o fim das reformas na Tchecoslováquia.

Os primeiros sinais de que nem tudo estava bem na Tchecoslováquia ocorreu em maio de 1966, quando houve queixas de que a União Soviética estava explorando as pessoas. Aos poucos as pessoas na Eslováquia começaram a reclamar que o governo de Praga estava impondo suas regras sobre os eslovacos e diminuindo a  autonomia local. A economia fraca agravaou a situação e nenhuma das reformas que foram introduzidas funcionou. Os trabalhadores permaneceram em condições precárias de habitação e viviam o mais básico dos estilos de vida. O mesmo ocorreu na Tchecoslováquia rural.

Em junho de 1967, houve crítica aberta à Antonin Novotný, líder do Partido, no Congresso da União dos Escritores. Em outubro de 1967, os estudantes protestaram contra Novotný e no início de 1968, ele foi substituído como primeiro-secretário do Partido por Alexander Dubcek. Embora não tivesse almejado a liderança do movimento anti-Novotný, havia entregue uma longa lista de queixas contra ele (Setembro de 1967), Dubcek era a escolha óbvia.

No dia 5 de abril 1968, Dubcek iniciou um programa de reformas que incluía emendas à Constituição da Checoslováquia, que trazia de volta ao País um grau de democracia política e uma maior liberdade pessoal.
Dubcek anunciou que o Partido Comunista checo continuaria a ser o partido predominante na Tchecoslováquia, mas que queria que os aspectos totalitários do partido fossem reduzidos. Membros do Partido Comunista da Tchecoslováquia tiveram o direito de contestar a política do partido em oposição à aceitação tradicional de toda a política do governo. Os membros do partido tinham agora o direito de agir "de acordo com sua consciência". A partir daí esse movimento de reformas ficaria conhecido como "Primavera de Praga", em que eram  anunciados também o fim da censura e o direito dos cidadãos checos para criticar o governo. Com a abertura, os jornais aproveitaram a oportunidade para produzir matérias contundentes sobre a incompetência do governo e a corrupção que nele imperava. O  péssimo estado da habitação para os trabalhadores tornou-se um tema muito comum.

Dubcek também anunciou que os agricultores poderiam formar cooperativas independentes ao invés de seguir as ordens provenientes de uma autoridade centralizadaAos sindicatos foi dada ampla liberdade para negociar com os seus membros.

Dubcek assegurou a Moscou que a Tchecoslováquia permaneceria no Pacto de Varsóvia e que eles não tinham nada para se preocupar no que diz respeito às reformas.  Não precisa nem dizer que essas palavras não tranquilizararam o líder soviético Brejnev e na madrugada entre o dia 20 e 21 de agosto de 1968  tropas do Pacto de Varsóvia invadiram a Tchecoslováquia para reafirmar a autoridade de Moscou. A maior parte destas tropas eram da União Soviética, mas também foram enviados contigentes poloneses, húngaros, búlgaros e da Alemanha Oriental.  

Ficou claro que os tchecos não tinham capacidade para resistir à a invasão e, apesr de tudo, não houve derramamento de sangue, em contraste com o levante húngaro de 1956.

As reformas de Dubcek foram abandonadas. Ele foi preso e enviado a Moscou. Pouco tempo depois retornou ao seu país ainda como primeiro-secretário do Partido. Na sequência, seguindo determinação do Kremlin, Dubcek anunciou a suspensão de todas as reformas e em abril de 1969, foi afastado do cargo.

A Primavera de Praga provou que a União Soviética não estava disposta ou sequer cogitava a saída de qualquer membro do Pacto de Varsóvia. Os tanques que ocuparam as ruas de Praga reafirmaram para o ocidente de que os povos do leste europeu eram oprimidos e não viviam em  democracia como na Europa Ocidental ao passo que para o Kremlin assegurou a manutenção do Pacto de Varsóvia, considerado vital para a sobrevivência do comunismo na Europa como um todo.

Após deixar o poder Dubcek foi membro do parlamento e embaixador na Turquia até ser expulso do partido em 1970. Depois disso virou burocrata e foi trabalhar no serviço florestal. Só voltaria a vida política com a eclosão da Revolução de Veludo em 1989 que trouxe fim ao comunismo no país e inspirou o leste europeu a se redemocratizar.


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